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Uma breve história da fabricação da gelatina

Da cola aos alimentos, fármacos, fotografia, biomedicina e muito mais: o mercado multibilionário e em rápida expansão da gelatina na atualidade apoia-se em séculos de história, continuamente impulsionado pela inovação.

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2 de março de 2021
As origens da gelatina nos preparados dos habitantes das cavernas

Muito antes de a gelatina derivar seu nome do latim 'gelare' - que significa congelar, os humanos pré-históricos a descobriram cozinhando ossos de animais, encontrando escondido uma substância valiosa e gelatinosa.

 

Em uma época em que atingir a velhice estava longe de ser garantido, nossos ancestrais que viviam nas cavernas, e mais tarde os egípcios, ferviam peles e ossos de animais para extrair essa gelatina primitiva. Esta versão inicial foi usada como cola para roupas, móveis e ferramentas, ajudando os povos primitivos a sobreviverem em climas e condições adversas.

 

Os antigos egípcios também descobriram que os caldos à base de ossos, quando resfriados, se solidificavam em um gel comestível. Essa foi provavelmente a primeira vez que a gelatina foi intencionalmente produzida como alimento, por meio de uma forma inicial de hidrólise parcial do colágeno. 

A Idade Média: uso gelatina em alimentos

Na Idade Média, caldos ricos em gelatina feitos de chifres de veado ou pés de bezerros eram promovidos por especialistas médicos por seus benefícios potenciais para a saúde das articulações.

 

Durante os tempos medievais, extratos gelatinosos, na forma de subprodutos do cozimento de várias carnes, eram frequentemente adoçados e aromatizados, tornando-se populares como sobremesas. Esse processo era trabalhoso e normalmente reservado à aristocracia, que tinha servos para prepará-lo. Isso começou a mudar durante o Renascimento, quando o matemático francês Denis Papin inventou a panela de pressão ou o chamado “digestor”, em 1682. Isso permitiu que os ossos fossem fervidos com eficiência, produzindo folhas ou lâminas de gelatina.

 

Em 1754, a primeira patente para processamento de gelatina foi concedida no Reino Unido.

 

No início de 1800, Napoleão encomendou pesquisas sobre o potencial da gelatina como fonte alternativa de proteína para soldados em um cenário de escassez de carne.

O século 19: o uso de gelatina atinge a maioridade

No século 19, o processamento e as aplicações da gelatina se transformaram em uma indústria considerável.

 

A produção industrial de gelatina como cola começou em Lyon, França, em 1818.

 

Em 1834, o químico francês François Mothes obteve uma patente para cápsulas de gelatina, que ajudaram a mascarar o sabor amargo de muitos medicamentos, protegendo-as da degradação.

 

Em 1847, o londrino James Murdock desenvolveu a primeira cápsula de gelatina dura. No entanto, ainda seriam precisos mais de 50 anos até que as cápsulas de gelatina produzidas em escala industrial revolucionassem a indústria farmacêutica com a capacidade de encapsular medicamentos.

 

No setor alimentício, uma patente dos EUA foi concedida em 1845 para gelatina em pó, que poderia ser usada em cozinhas domésticas para fazer sobremesas. Meio século depois, a marca Jell-O em Nova York se tornou um ícone culinário do século 20 ao vender gelatina nessa forma.

 

No final de 1800, folhas, blocos e pós de gelatina estavam sendo produzidos em massa para fins adesivos, alimentícios e farmacêuticos.

 

Nessa época, os avanços na produção permitiram que as placas de emulsão de gelatina pura ajudassem a popularizar a arte da fotografia e, eventualmente, a técnica de raios-x, simplificando o que era um processo de revelação de fotos oneroso, demorado e inconsistente.

 

A Rousselot foi pioneira no campo, produzindo gelatina multiuso extraída de colágeno principalmente de origens suínos e bovinos, na sua recém-criada unidade francesa na década de 1890.

 

Hoje, a Rousselot é uma fornecedora de gelatina líder de mercado.

Século 20: A produção em massa amplia as aplicações da gelatina

No início do século 20, aplicações de alimentos como pastilhas, geleias e jujubas em forma de ursinhos começaram a capitalizar o aperfeiçoamento do processamento da gelatina e suas propriedades únicas de gelificação e espessamento, além da melhoria do sabor e do odor.

 

As vendas explodiram rapidamente, com a maioria das gelatinas de alta qualidade sendo fornecidas na França e na Alemanha.

 

As aplicações para suplementos, farmacêuticas e cosméticas cresceram graças à gelatina em comprimidos, cápsulas, pomadas e emulsões nas indústrias médica e de cosméticos.

 

A empresa farmacêutica norte-americana Eli Lilly, que começou a usar gelatina em algumas de suas cápsulas ainda em 1897, estreou a primeira linha de produção mecanizada do mundo para cápsulas de gelatina dura em 1913.

 

Em 1930, as cápsulas de gelatina mole estavam sendo produzidas em massa usando máquinas de enchimento macio. Outras inovações, como comprimidos revestidos de gelatina, aumentaram ainda mais a popularidade do ingrediente.

A gelatina em tempos de guerra

A gelatina desempenhou um papel importante na Primeira Guerra Mundial, sendo ocasionalmente usada como substituto do plasma sanguíneo intravenoso, muitas vezes escasso no tratamento dos feridos.1 Muitas vidas foram salvas usando gelatina dessa maneira.

 

Cápsulas à base de gelatina e outros produtos farmacêuticos também foram usados para controlar a dor e liberar fármacos aos soldados durante a guerra.2

 

No Reino Unido, as “Jelly Babies” à base de gelatina tornaram-se amplamente conhecidas depois que a fabricante de confeitaria britânica Bassett lançou “Peace Babies” para comemorar o armistício de novembro de 1918.

 

A Segunda Guerra Mundial desferiu um golpe devastador na indústria europeia de gelatina, com muitas fábricas danificadas ou destruídas em bombardeios. Apesar disso, a demanda por gelatina fotográfica aumentou devido à sua importância estratégica para as operações militares.

Pós-guerra: a evolução da gelatina

A indústria da gelatina se recuperou rapidamente após a Segunda Guerra Mundial e entrou em um período de crescimento consistente, particularmente em aplicações, uma tendência que continua até hoje.

 

A cola de gelatina continua popular para aplicações específicas graças à sua flexibilidade de aquecimento e resfriamento, bem como sua resistência excepcional de até 1,6 toneladas por centímetro quadrado. Essa continua a ser a escolha preferida entre fabricantes de instrumentos musicais, encadernadores e preservadores de documentos.

 

Uma gama cada vez maior de aplicações de nicho para gelatina está surgindo, incluindo:

 

Aplicações farmacêuticas sensíveis

  • Vacinas
  • Substitutos do plasma
  • Esponjas cirúrgicas
  • Hastes femorais
  • Hemostáticos
  • Agentes de terapia com células-tronco
  • Ágar bacteriológico em laboratório

 

Aplicações técnicas

  • Géis forenses
  • Colas para restauração de livros
  • Branqueadores de roupa
  • Agentes ligantes de tinta
  • Fertilizantes vegetais

 

Novas aplicações alimentícias

  • Clarificadores de bebidas

  

As associações comerciais ajudaram a indústria de gelatina a promover a colaboração, compartilhar conhecimento, promover a compreensão científica, defender regulamentações sólidas e garantir produtos de alta qualidade.

 

As principais organizações incluem a Associação de Fabricantes de Gelatina da Europa (GME), fundada em 1974; a Associação de Fabricantes de Gelatina da América do Sul (SAGMA), criada em 1995; a Associação de Fabricantes de Gelatina da Ásia-Pacífico (GMAP), formada em 1996. Mais recentemente, a Associação de Fabricantes de Gelatina do Japão (GMJ) e o Instituto de Fabricantes de Gelatina da América (GMIA) juntaram-se ao esforço global.

 

Desde julho de 2020, as quatro associações regionais de gelatina colaboram em um grupo de trabalho conjunto denominado Representantes da Gelatina do Mundo (GROW) para fortalecer a representação internacional da indústria de gelatina.

Como a gelatina é fabricada na atualidade?

Como essa breve história revela, a gelatina evoluiu ao longo de milênios, desde o tempo em que se ferviam peles e ossos de animais em caldeirões até os sofisticados processos de fabricação que definem a indústria moderna. A extração de gelatina de alta qualidade do colágeno nativo é um processo complexo e cuidadosamente controlado.

 

A Rousselot usa processos higiênicos rigorosamente monitorados que atendem aos padrões nacionais e internacionais BRC, IFS, HACCP e GMP para produzir uma gelatina considerada líder de mercado e não-transgênica.

 

Nosso compromisso com o controle de qualidade e rastreabilidade é mantido em todas as etapas do processo para atender aos requisitos de aplicações alimentícias, farmacêuticas, cosméticas, biomédicas e técnicas. Alcançamos isso com 16 instalações com capacidade de produção escalável em quatro continentes.

 

O compromisso da Rousselot com a qualidade impulsionou mais de 130 anos de aperfeiçoamento e inovação contínua.

 

Ainda hoje, há muito a descobrir sobre as moléculas de gelatina.  

 

Fontes: 

 

1The importance of gelatin in pharmaceutical and medical applications

2https://encyclopedia.1914-1918-online.net/article/drugs

3https://www.gelatine.org/en/gelatine/history.html and https://www.gelatine.org/en/applications/specials.html

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